Chamo-me Victor Emanuel Vilela Barbuy e nasci em São Paulo, capital da
província de mesmo nome, aos onze dias do mês de janeiro do ano da Graça do
Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de 1985. Sou, pois, um filho da Cidade
e da Terra Bandeirante e do Império do Brasil, ou, se preferirdes, da América
Lusíada.
Crescido em Santo Amaro, outrora Município e hoje região da Capital
Paulista, formei-me em Direito pela Universidade Mackenzie e sou Mestre em
Direito Civil, na área de História do Direito, pela Faculdade de Direito da
Universidade de São Paulo (USP), a tradicional Academia do Largo de São
Francisco, que um dia fez de São Paulo uma espécie de “Coimbra brasileira”, com
o então límpido rio Tietê fazendo as vezes de Mondego, como algures escreveu
Ribeiro Couto [1].
Sou Presidente Nacional da Frente Integralista Brasileira (FIB),
instituição que pugna pelos ideais essencialmente cristãos, tradicionais e
patrióticos do Integralismo Brasileiro, e Primeiro Vice-Presidente da Casa de
Plínio Salgado, instituição que zela pela memória deste magno arauto e adail de
Cristo Rei e do Brasil Profundo, chamado por Hipólito Raposo “o mais eloquente intérprete
da Brasilidade” [2] e reputado por Francisco Elías de Tejada
o “profeta incandescente e sublime de seu povo” e a “encarnação
viva do Brasil melhor” [3], assim como o “descobridor bandeirante das
essências de sua pátria” [4]. Havendo mencionado o nome de Plínio Salgado,
reputamos oportuno assinalar que este “cavaleiro do Brasil Integral”, na
expressão do supracitado Ribeiro Couto [5], e “cavaleiro do verbo claro e
ardente”, na frase do Padre Moreira das Neves, “soube”, no dizer deste último,
em belo poema dedicado à sua memória, “amar o Brasil e Portugal/ Com amor tão
profundo e tão igual,/ Que nunca, no seu peito, os distinguia” [6]. E foi com
este amor que Plínio Salgado, “cavalheiro de nobres ideais e de igual nobreza
de sentimentos”, como aduziu Fernando de Aguiar [7], escreveu, “porque lusíada,
com o seu sangue”, para Portugal e para a Terra de Santa Cruz, havendo sido, no
dizer do ínclito escritor português, o brasileiro que, melhor compreendendo o
povo lusitano, “mais ilustrou o intercâmbio cultural entre as duas Pátrias de
língua portuguesa”, bem como aquele que “mais rente, e pelo coração, soube
segurar, prender e unir, em nossos dias, os nós sagrados que para sempre hão-de
vincular, no futuro, o Brasil a Portugal e Portugal ao Brasil” [8].
Além da Frente Integralista Brasileira e da Casa de Plínio Salgado, sou
membro do Centro de Estudos de Direito Natural José Pedro Galvão de Sousa, do
Instituto Brasileiro de Filosofia, do Centro de Estudos de Direito Romano e de
História do Direito José Pedro Galvão de Sousa, do Centro de Estudos Professor
Arlindo Veiga dos Santos e do Centro de Estudos Gustavo Barroso, todos da
Capital Paulista. Tenho artigos publicados em diversos sítios e blogues da rede
mundial de computadores, bem como em livros e diferentes periódicos de minha
província natal, a exemplo da Revista da Faculdade de Direito de São
Paulo (São Paulo/SP) e dos jornais Linguagem viva (São
Paulo/SP), O Lince (Aparecida/SP), O Município (São
João da Boa Vista/SP), Gazeta de Jarinu(Jarinu/SP) e Bastidores (Jarinu/SP).
Assim como meu avô, o filósofo, escritor e sociólogo Heraldo Barbuy, sou
Católico Apostólico Romano e adepto do jusnaturalismo tradicional, ou clássico,
da Filosofia Perene do Tomismo, da autêntica Doutrina Social da Igreja e do
autêntico tradicionalismo político, que não pode e não deve ser confundido com
o tradicionalismo filosófico e nem com aquele conservadorismo alheio a toda e
qualquer inovação e que visa preservar, intacto, o status quo, que,
aliás, muito pouco guarda da verdadeira Ordem Tradicional.
Do mesmo modo, o autêntico tradicionalismo político não se confunde com
o passadismo, que, como salientou Arlindo Veiga dos Santos, pretende “copiar simples
e ingenuamente o passado” [9], e nem com o saudosismo, que igualmente
sobre-estima e mesmo cultua o pretérito, diferindo do passadismo apenas por não
acreditar na restauração de tal pretérito, correspondendo, em última análise,
segundo Gustavo Barroso, ao olhar para trás condenado da esposa de Ló,
transformada, por castigo divino, em estátua de sal [10]. Diversamente, pois,
do passadismo e do saudosismo, o autêntico tradicionalismo político atualiza o
passado dinamicamente, atento às lições do pretérito e respeitoso daquilo que é
permanente no espírito e na vida nacional, mas também prudente e
inteligentemente contemplando as necessidades do presente e do futuro [11],
consciente de que amar as tradições da Terra, da Estirpe e dos Heróis é buscar
nos exemplos do pretérito aquilo a que Gustavo Barroso denominou “a fé
construtiva do futuro” [12].
Havendo feito estas considerações a respeito do verdadeiro
tradicionalismo político, reputo ser mister sublinhar que, como bem frisou
Francisco Elías de Tejada, “a Tradição
constitui algo mais que a medula dos povos”, sendo toda uma excelente
“filosofia política”, a “filosofia do homem concreto” e das liberdades
tradicionais, concretas e limitadas [13], em oposição à ideologia liberal do
homem abstrato e da liberdade abstrata. E igualmente considero ser necessário
ressaltar que a Tradição não é o passado como um todo, mas tão somente a parte
do passado que, no dizer de Víctor Pradera, “qualifica suficientemente os
fundamentos da vida humana de relação”, isto é, “o passado que sobrevive e tem
virtude para fazer-se futuro” [14], da mesma forma que julgo ser imperioso
sublinhar que a Tradição não se opõe ao Progresso, sendo, aliás, o alicerce de
todo Progresso verdadeiro e estável.
Antes de encerrar a presente apresentação de minha
pessoa, faz-se mister enfatizar que me oponho ao liberalismo em todas as suas
faces, salientando que, como bem sintetizou Dom Félix Sardá y Salvany, “o
Liberalismo em todos os seus graus e aspectos está formalmente condenado pela
Igreja” [15].
Do mesmo modo, vale destacar que igualmente me
oponho ao capitalismo, que entendo não como o regime econômico baseado na
propriedade privada e na livre iniciativa, que, aliás, defendo, mas sim
como o sistema econômico em que o
sujeito da Economia é o Capital, cujo acréscimo ilimitado, pela aplicação de
pretensas leis econômicas mecânicas, é considerado o objetivo final e único de
toda a produção [16], e que é, em última análise, um destruidor não apenas da
propriedade, como bem escreveu Gustavo Barroso [17], como também da livre
iniciativa e mesmo dos princípios morais e das tradições cristãs e
nacionais.
Isto posto, cumpre frisar que, como bem aduziu o Bem-Aventurado Papa Pio
XII, na Exortação Apostólica Menti nostrae, “a Igreja não tem cessado
de denunciar as graves consequências” do “sistema econômico conhecido pelo nome
de capitalismo”, tendo não apenas apontado “os abusos do capital e do próprio
direito de propriedade que o mesmo sistema promove e defende”, mas igualmente
ensinado que “o capital e a propriedade devem ser instrumentos da produção em
proveito de toda a sociedade e meios de manutenção e de defesa da liberdade e
da dignidade da pessoa humana”. Os erros dos sistemas econômicos comunista e
capitalista, assim como “as ruinosas consequências que deles derivam devem a
todos convencer”, ainda segundo observou Pio XII, a se manter fiéis à Doutrina
Social da Igreja e a lhe difundir o conhecimento e a aplicação prática. Como
fez salientar aquele ínclito sucessor de São Pedro, é tal doutrina a única
capaz de “remediar os males denunciados e tão dolorosamente difundidos”, unindo
e aperfeiçoando “as exigências da justiça e os deveres da caridade”, e
promovendo “tal ordem social que não oprima os cidadãos e não os isole num
egoísmo seco, mas a todos uma na harmonia das relações e nos vínculos da
solidariedade fraternal” [18].
Fechemos este texto. Que seja cada parágrafo, cada linha, cada palavra
escrita e cada ideia por mim sustentada um ato de Fé em Cristo Rei, Sumo e
Eterno Príncipe, por cujo reinado pelejo, assim como de esperança no futuro da
Terra de Santa Cruz, de Portugal e de todo o Mundo Lusíada.
Por Cristo e pelo Império Lusíada!
Victor Emanuel Vilela Barbuy,
São Paulo do Campo de Piratininga, 07 de julho de 2014.
NOTAS:
[1] Lugares
comuns de um admirador brasileiro de Eça de Queiroz, in Sentimento
lusitano, São Paulo, Livraria Martins Editora, 1961, p. 97.
[2] A
notável oração do Dr. Hipólito Raposo, In
VV.AA, Plínio Salgado: “in memoriam”, Vol. II, São Paulo, Voz do Oeste/Casa de Plínio
Salgado, 1986, p. 189.
[3] Plínio Salgado na tradição do
Brasil, in VV.AA. Plínio Salgado: “in memoriam”, Vol. II, cit., p. 47.
[4] Idem, p. 70.
[5] Plínio Salgado, cavaleiro do Brasil Integral, in Sei
que vou por aqui!, ano 1, n. 2, São Paulo, setembro-dezembro de 2004, pp.
XVII-XVIII. O artigo foi originalmente publicado no Jornal do Brasil,
do Rio de Janeiro, a 20/07/1933 e também está disponível na obra Plínio
Salgado (4ª edição, São Paulo, Companhia Editora Panorama, 1937, pp.
97-103).
[6] Cavaleiro do Verbo: à memória de Plínio Salgado. In
VV.AA., Plínio Salgado: “in memoriam”, Vol. II, cit., p. 9.
[7] Gente de casa: retratos de homens & perfis de ideias,
Lisboa, Sigma, 1948, p. 89.
[8] Idem, pp. 111-112.
[9] Ideias que marcham no silêncio, São Paulo, Pátria-Nova,
1962, p. 73. Grifo em itálico no original.
[10] Espírito do século XX, Rio de Janeiro, Civilização
Brasileira S/A, 1936, p. 263.
[11] Cf. Arlindo Veiga dos SANTOS, Ideias que marcham no
silêncio, cit., loc. cit.
[12] Espírito do século XX, cit., loc. cit.
[13] La lección política de Navarra, in Reconquista,
Ano I, Vol. I, n. 2, São Paulo, 1950, p. 127. Tradução nossa.
[14] O
Novo Estado, Tradução portuguesa, Lisboa, Edições Gama, 1947, p. 15.
[15] O
liberalismo é pecado, Tradução portuguesa, São Paulo, Companhia Editora
Panorama, 1949, p. 37.
[16] Cf. Victor Emanuel Vilela BARBUY, Justiça
e Bem Comum, in Marcelo Roland ZOVICO (Organizador), Filosofia do
Direito: Estudos em homenagem a Willis Santiago Guerra Filho, São Paulo,
Editora Clássica, 2012, p. 329. No mesmo sentido, podemos citar, dentre outros
autores, Julio Meinvielle, que, na obra Concepción Católica de la
Economía, de 1936, definiu o capitalismo como sendo “um sistema econômico
que busca o acréscimo ilimitado dos lucros pela aplicação de leis econômicas
mecânicas” (Julio MEINVIELLE, Concepción católica de la Economía,
p. 5. Disponível em: http://www.institutosapientia.com.br/site/index.php?option=com_content&view=article&id=1273:obras-raras-de-filosofia&catid=98:geral. Acesso em 12 de julho de 2013. Tradução nossa.), e Miguel Reale, que,
em O capitalismo internacional, de 1935, sustentou que o
“capitalismo é o sistema econômico no qual o sujeito da Economia é o Capital,
sendo o acréscimo indefinido deste considerado o objetivo final e único de toda
a produção” (Miguel REALE, O capitalismo internacional: introdução à
Economia Nova. 1ª edição, Rio de Janeiro, José Olympio Editora, 1935, p.
87.).
[17] O
que o Integralista deve saber, 5ª edição, Rio de Janeiro, Civilização
Brasileira, S.A, 1937, p. 135.
[18] Menti nostrae: Sobre a
santidade da vida sacerdotal, in Documentos de
Pio XII, TraduçãoPoliglota Vaticana, São
Paulo, Paulus, 1998, p. 499.
Nenhum comentário:
Postar um comentário