domingo, 27 de novembro de 2016

Breve esboço autobiográfico (2014)

Chamo-me Victor Emanuel Vilela Barbuy e nasci em São Paulo, capital da província de mesmo nome, aos onze dias do mês de janeiro do ano da Graça do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de 1985. Sou, pois, um filho da Cidade e da Terra Bandeirante e do Império do Brasil, ou, se preferirdes, da América Lusíada.

Crescido em Santo Amaro, outrora Município e hoje região da Capital Paulista, formei-me em Direito pela Universidade Mackenzie e sou Mestre em Direito Civil, na área de História do Direito, pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), a tradicional Academia do Largo de São Francisco, que um dia fez de São Paulo uma espécie de “Coimbra brasileira”, com o então límpido rio Tietê fazendo as vezes de Mondego, como algures escreveu Ribeiro Couto [1].

Sou Presidente Nacional da Frente Integralista Brasileira (FIB), instituição que pugna pelos ideais essencialmente cristãos, tradicionais e patrióticos do Integralismo Brasileiro, e Primeiro Vice-Presidente da Casa de Plínio Salgado, instituição que zela pela memória deste magno arauto e adail de Cristo Rei e do Brasil Profundo, chamado por Hipólito Raposo “o mais eloquente intérprete da Brasilidade” [2] e reputado por Francisco Elías de Tejada o “profeta incandescente e sublime de seu povo” e a “encarnação viva do Brasil melhor” [3], assim como o “descobridor bandeirante das essências de sua pátria” [4]. Havendo mencionado o nome de Plínio Salgado, reputamos oportuno assinalar que este “cavaleiro do Brasil Integral”, na expressão do supracitado Ribeiro Couto [5], e “cavaleiro do verbo claro e ardente”, na frase do Padre Moreira das Neves, “soube”, no dizer deste último, em belo poema dedicado à sua memória, “amar o Brasil e Portugal/ Com amor tão profundo e tão igual,/ Que nunca, no seu peito, os distinguia” [6]. E foi com este amor que Plínio Salgado, “cavalheiro de nobres ideais e de igual nobreza de sentimentos”, como aduziu Fernando de Aguiar [7], escreveu, “porque lusíada, com o seu sangue”, para Portugal e para a Terra de Santa Cruz, havendo sido, no dizer do ínclito escritor português, o brasileiro que, melhor compreendendo o povo lusitano, “mais ilustrou o intercâmbio cultural entre as duas Pátrias de língua portuguesa”, bem como aquele que “mais rente, e pelo coração, soube segurar, prender e unir, em nossos dias, os nós sagrados que para sempre hão-de vincular, no futuro, o Brasil a Portugal e Portugal ao Brasil” [8].

Além da Frente Integralista Brasileira e da Casa de Plínio Salgado, sou membro do Centro de Estudos de Direito Natural José Pedro Galvão de Sousa, do Instituto Brasileiro de Filosofia, do Centro de Estudos de Direito Romano e de História do Direito José Pedro Galvão de Sousa, do Centro de Estudos Professor Arlindo Veiga dos Santos e do Centro de Estudos Gustavo Barroso, todos da Capital Paulista. Tenho artigos publicados em diversos sítios e blogues da rede mundial de computadores, bem como em livros e diferentes periódicos de minha província natal, a exemplo da Revista da Faculdade de Direito de São Paulo (São Paulo/SP) e dos jornais Linguagem viva (São Paulo/SP), O Lince (Aparecida/SP), O Município (São João da Boa Vista/SP), Gazeta de Jarinu(Jarinu/SP) e Bastidores (Jarinu/SP).

Assim como meu avô, o filósofo, escritor e sociólogo Heraldo Barbuy, sou Católico Apostólico Romano e adepto do jusnaturalismo tradicional, ou clássico, da Filosofia Perene do Tomismo, da autêntica Doutrina Social da Igreja e do autêntico tradicionalismo político, que não pode e não deve ser confundido com o tradicionalismo filosófico e nem com aquele conservadorismo alheio a toda e qualquer inovação e que visa preservar, intacto, o status quo, que, aliás, muito pouco guarda da verdadeira Ordem Tradicional.

Do mesmo modo, o autêntico tradicionalismo político não se confunde com o passadismo, que, como salientou Arlindo Veiga dos Santos, pretende “copiar simples e ingenuamente o passado” [9], e nem com o saudosismo, que igualmente sobre-estima e mesmo cultua o pretérito, diferindo do passadismo apenas por não acreditar na restauração de tal pretérito, correspondendo, em última análise, segundo Gustavo Barroso, ao olhar para trás condenado da esposa de Ló, transformada, por castigo divino, em estátua de sal [10]. Diversamente, pois, do passadismo e do saudosismo, o autêntico tradicionalismo político atualiza o passado dinamicamente, atento às lições do pretérito e respeitoso daquilo que é permanente no espírito e na vida nacional, mas também prudente e inteligentemente contemplando as necessidades do presente e do futuro [11], consciente de que amar as tradições da Terra, da Estirpe e dos Heróis é buscar nos exemplos do pretérito aquilo a que Gustavo Barroso denominou “a fé construtiva do futuro” [12].

Havendo feito estas considerações a respeito do verdadeiro tradicionalismo político, reputo ser mister sublinhar que, como bem frisou Francisco Elías de Tejada, “a Tradição constitui algo mais que a medula dos povos”, sendo toda uma excelente “filosofia política”, a “filosofia do homem concreto” e das liberdades tradicionais, concretas e limitadas [13], em oposição à ideologia liberal do homem abstrato e da liberdade abstrata. E igualmente considero ser necessário ressaltar que a Tradição não é o passado como um todo, mas tão somente a parte do passado que, no dizer de Víctor Pradera, “qualifica suficientemente os fundamentos da vida humana de relação”, isto é, “o passado que sobrevive e tem virtude para fazer-se futuro” [14], da mesma forma que julgo ser imperioso sublinhar que a Tradição não se opõe ao Progresso, sendo, aliás, o alicerce de todo Progresso verdadeiro e estável.

Antes de encerrar a presente apresentação de minha pessoa, faz-se mister enfatizar que me oponho ao liberalismo em todas as suas faces, salientando que, como bem sintetizou Dom Félix Sardá y Salvany, “o Liberalismo em todos os seus graus e aspectos está formalmente condenado pela Igreja” [15]. 

Do mesmo modo, vale destacar que igualmente me oponho ao capitalismo, que entendo não como o regime econômico baseado na propriedade privada e na livre iniciativa, que, aliás, defendo, mas sim como o sistema econômico em que o sujeito da Economia é o Capital, cujo acréscimo ilimitado, pela aplicação de pretensas leis econômicas mecânicas, é considerado o objetivo final e único de toda a produção [16], e que é, em última análise, um destruidor não apenas da propriedade, como bem escreveu Gustavo Barroso [17], como também da livre iniciativa e mesmo dos princípios morais e das tradições cristãs e nacionais. 

Isto posto, cumpre frisar que, como bem aduziu o Bem-Aventurado Papa Pio XII, na Exortação Apostólica Menti nostrae, “a Igreja não tem cessado de denunciar as graves consequências” do “sistema econômico conhecido pelo nome de capitalismo”, tendo não apenas apontado “os abusos do capital e do próprio direito de propriedade que o mesmo sistema promove e defende”, mas igualmente ensinado que “o capital e a propriedade devem ser instrumentos da produção em proveito de toda a sociedade e meios de manutenção e de defesa da liberdade e da dignidade da pessoa humana”. Os erros dos sistemas econômicos comunista e capitalista, assim como “as ruinosas consequências que deles derivam devem a todos convencer”, ainda segundo observou Pio XII, a se manter fiéis à Doutrina Social da Igreja e a lhe difundir o conhecimento e a aplicação prática. Como fez salientar aquele ínclito sucessor de São Pedro, é tal doutrina a única capaz de “remediar os males denunciados e tão dolorosamente difundidos”, unindo e aperfeiçoando “as exigências da justiça e os deveres da caridade”, e promovendo “tal ordem social que não oprima os cidadãos e não os isole num egoísmo seco, mas a todos uma na harmonia das relações e nos vínculos da solidariedade fraternal” [18].         
Fechemos este texto. Que seja cada parágrafo, cada linha, cada palavra escrita e cada ideia por mim sustentada um ato de Fé em Cristo Rei, Sumo e Eterno Príncipe, por cujo reinado pelejo, assim como de esperança no futuro da Terra de Santa Cruz, de Portugal e de todo o Mundo Lusíada.

Por Cristo e pelo Império Lusíada!
Victor Emanuel Vilela Barbuy,
São Paulo do Campo de Piratininga, 07 de julho de 2014.

 NOTAS:

[1] Lugares comuns de um admirador brasileiro de Eça de Queiroz, in Sentimento lusitano, São Paulo, Livraria Martins Editora, 1961, p. 97.
[2] A notável oração do Dr. Hipólito RaposoIn VV.AA, Plínio Salgado: “in memoriam”, Vol. II, São Paulo, Voz do Oeste/Casa de Plínio Salgado, 1986, p. 189.
[3] Plínio Salgado na tradição do Brasil, in VV.AA. Plínio Salgado: “in memoriam”, Vol. II, cit., p. 47.
[4] Idem, p. 70.
[5] Plínio Salgado, cavaleiro do Brasil Integral, in Sei que vou por aqui!, ano 1, n. 2, São Paulo, setembro-dezembro de 2004, pp. XVII-XVIII. O artigo foi originalmente publicado no Jornal do Brasil, do Rio de Janeiro, a 20/07/1933 e também está disponível na obra Plínio Salgado (4ª edição, São Paulo, Companhia Editora Panorama, 1937, pp. 97-103).
[6] Cavaleiro do Verbo: à memória de Plínio Salgado. In VV.AA., Plínio Salgado: “in memoriam”, Vol. II, cit., p. 9.
[7] Gente de casa: retratos de homens & perfis de ideias, Lisboa, Sigma, 1948, p. 89.
[8] Idem, pp. 111-112.
[9] Ideias que marcham no silêncio, São Paulo, Pátria-Nova, 1962, p. 73. Grifo em itálico no original.
[10] Espírito do século XX, Rio de Janeiro, Civilização Brasileira S/A, 1936, p. 263.
[11] Cf. Arlindo Veiga dos SANTOS, Ideias que marcham no silêncio, cit., loc. cit.
[12] Espírito do século XX, cit., loc. cit.
[13] La lección política de Navarra, in Reconquista, Ano I, Vol. I, n. 2, São Paulo, 1950, p. 127. Tradução nossa.
[14] O Novo Estado, Tradução portuguesa, Lisboa, Edições Gama, 1947, p. 15.
[15] O liberalismo é pecado, Tradução portuguesa, São Paulo, Companhia Editora Panorama, 1949, p. 37.
[16] Cf. Victor Emanuel Vilela BARBUY, Justiça e Bem Comum, in Marcelo Roland ZOVICO (Organizador), Filosofia do Direito: Estudos em homenagem a Willis Santiago Guerra Filho, São Paulo, Editora Clássica, 2012, p. 329. No mesmo sentido, podemos citar, dentre outros autores, Julio Meinvielle, que, na obra Concepción Católica de la Economía, de 1936, definiu o capitalismo como sendo “um sistema econômico que busca o acréscimo ilimitado dos lucros pela aplicação de leis econômicas mecânicas” (Julio MEINVIELLE, Concepción católica de la Economía, p. 5. Disponível em:  http://www.institutosapientia.com.br/site/index.php?option=com_content&view=article&id=1273:obras-raras-de-filosofia&catid=98:geral. Acesso em 12 de julho de 2013. Tradução nossa.), e Miguel Reale, que, em O capitalismo internacional, de 1935, sustentou que o “capitalismo é o sistema econômico no qual o sujeito da Economia é o Capital, sendo o acréscimo indefinido deste considerado o objetivo final e único de toda a produção” (Miguel REALE, O capitalismo internacional: introdução à Economia Nova. 1ª edição, Rio de Janeiro, José Olympio Editora, 1935, p. 87.).
[17] O que o Integralista deve saber, 5ª edição, Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, S.A, 1937, p. 135.

[18] Menti nostraeSobre a santidade da vida sacerdotal, iDocumentos de Pio XII, TraduçãoPoliglota Vaticana, São Paulo, Paulus, 1998, p. 499.

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