domingo, 4 de dezembro de 2016

A propósito de mais uma iníqua decisão do STF

Mais uma vez o Supremo Tribunal Federal (STF), ilegalmente, legislou e mais uma vez o fez contrariamente à Lei Natural, ao decidir, num caso concreto, que o aborto não é crime até o terceiro mês de gestação.
Por uma coincidência, fazíamos uma breve exposição a respeito do Direito Natural Tradicional, ou Clássico, a convite do Professor Acacio Vaz de Lima Filho, na Faculdade de Direito Carlos Drummond de Andrade, na Capital Paulista, enquanto o STF caminhava para essa lamentável decisão, totalmente contrária aos preceitos do Direito Natural. Aliás, cumpre sublinhar que, em nossa curta palestra, tendo observado que o Direito Natural é um conjunto de normas inerentes à natureza racional da pessoa humana, que deve reger não apenas o comportamento dos indivíduos, mas também a ação dos Estados, que não são a fonte da Moral e do Direito, donde não ser justa uma lei pelo simples fato de haver sido promulgada pelo Estado, salientamos que as leis injustas, isto é, contrárias ao Direito Natural, provocam a infelicidade, a instabilidade, a desordem e o caos social. Em uma palavra, enfatizamos, em nossa singela exposição sobre o autêntico jusnaturalismo, que não se viola impunemente o Direito Natural.   
Faz-se mister frisar que, em nossa aludida palestra, elencamos a legalização do aborto em Cuba, por inciativa de Fidel Castro, como um dos mais graves crimes deste tirano e condenamos duramente o chamado ativismo judicial, colocando em evidência o fato de que, no Brasil, tem sido o STF o grande responsável pela introdução, no ordenamento jurídico, de regras contrárias à Lei Natural.
Defensores da vida humana desde o seu início, que se dá já no momento da concepção, esperamos que a comissão especial da Câmara dos Deputados, criada pelo seu presidente, o Deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), para analisar esta infausta decisão, conclua por sua ilegalidade, reafirmando a posição do nosso Código Penal no sentido de que a prática do aborto é sempre criminosa.
E, conscientes de que a autoridade que se aparta da Lei não possui valor de autoridade e de que, como aduziu Santo Tomás de Aquino, a lei positiva que contiver alguma disposição que contrarie o Direito Natural é injusta, não sendo lei, mas sim corrupção da lei, e não tendo força para obrigar a quem quer que seja,[1] assim como conscientes de que nenhuma pessoa ou nação pode violar impunemente o Direito Natural, proclamamos a imperiosa necessidade de resistir, com todas as nossas forças, a mais essa iníqua decisão do STF.
            “Ai dos que estabelecem leis iníquas” – ISAÍAS, X, I.

            Por Cristo e pela Nação!
            Victor Emanuel Vilela Barbuy,
Presidente Nacional da Frente Integralista Brasileira,
São Paulo, 03 de dezembro de 2016- LXXXIV.



NOTA:
[1]  Suma Teológica, 1ª parte da 2ª parte,  2ª parte da 2ª parte, questão 95, questão 57, questão 60, artigo 5º, Resposta à primeira objeção.


Antônio Gondim Sampaio, in memoriam

Faleceu, no último dia 31 de julho, na cidade de Barbalha, no interior da Província do Ceará,  aos noventa e seis anos de idade, o nosso nobre e valoroso companheiro Antônio Gondim Sampaio.
Iniciando esta justa homenagem ao bravo soldado de Cristo e da Pátria que foi o nosso companheiro de ideais e de lutas patrióticas e sadiamente nacionalistas ora falecido, ressaltamos que, com o desaparecimento deste, o Município de Barbalha, a região do Cariri, o Sertão, o chamado País do Ceará, o Nordeste e todo este magno Império do Brasil se tornaram mais pobres moralmente e perderam um dos mais incansáveis batalhadores pelo seu bem e verdadeiro Progresso. Quanto ao nosso companheiro, um dos mais virtuosos varões com quem tivemos a oportunidade de conversar ao longo desta vida, estamos certos de que ele, tendo combatido o bom combate por Cristo Rei e pela Terra de Santa Cruz, completado sua carreira e guardado a Fé, gozará, no Paraíso, da verdadeira e eterna felicidade.
Nascido em Barbalha aos 23 dias do mês de setembro do já assaz distante ano de 1919, o empresário Antônio Gondim Sampaio foi não apenas um grande patriota, como também um grande empreendedor, tendo sido proprietário, em sua cidade natal, de uma loja de eletrodomésticos, de uma revendedora de automóveis da marca Ford e, por muitos anos, da prestigiosa Rádio Cetama AM, por ele fundada. Casado com D. Maria Zuila Couto Gondim, mulher de raras virtudes e de elevados ideais que hoje conta noventa e nove anos de idade, o companheiro Antônio Gondim Sampaio deixou, além desta, filhos, netos e bisnetos.
Antônio Gondim Sampaio conheceu o Integralismo e tornou-se integralista em fins da década de 1930, tendo militado ativamente no Partido de Representação Popular, agremiação política que defendeu os princípios essencialmente cristãos e brasileiros da Doutrina Integralista entre os anos de 1945 e 1965, levando a todo o território nacional o sentido profundo da Brasilidade, da independência e do pundonor deste grande Império do Passado e do Porvir. Antes do fechamento da Ação Integralista Brasileira, em novembro de 1937, participara nosso homenageado das atividades do núcleo municipal de Barbalha desta associação, que constituíra a primeira agremiação política de âmbito nacional do País desde o fim do Império e reunira a mais fina flor da intelectualidade pátria da época, não havendo a ela se filiado por não ter ainda completado vinte um anos, idade em que se alcançava, então, a maioridade. Por esse tempo, conhecera o líder integralista Gustavo Barroso, um dos mais assinalados filhos do Ceará, bem como uma das mais brilhantes estrelas da verdadeira constelação de homens de letras e de pensamento que fizeram da Ação Integralista Brasileira o “mais fascinante grupo da inteligência do País”, nas palavras de Gerardo Mello Mourão.[1]
Em fins da década de 1940, Antônio Gondim Sampaio teve a oportunidade de conhecer pessoalmente Plínio Salgado, maior líder e doutrinador do Integralismo e Presidente do Partido de Representação Popular, a quem considerava um homem extraordinário, cujo amor à Pátria e cuja inteligência, cultura e simplicidade só podem ser plenamente avaliados por aqueles que, como ele, puderam conhecer de perto este varão de excelsas virtudes e bandeirante do Brasil Integral.[2] Na ocasião, Plínio Salgado, um dos mais brilhantes oradores que o nosso Brasil já produziu, proferiu, em Fortaleza, no imenso auditório lotado do Teatro José de Alencar, um belíssimo discurso frequentemente interrompido pelos entusiásticos aplausos da plateia, que ali estava a despeito das violentas ameaças dos comunistas, que tinham prometido impedir a realização daquela conferência.[3]
No ano de 1955, quando Plínio Salgado, candidato à Presidência da República pelo Partido de Representação Popular, foi ao Cariri, visitando as cidades de Barbalha, Juazeiro do Norte e Crato, Antônio Gondim Sampaio acompanhou-o de perto, realizando a cobertura fotográfica daquela jornada histórica.
Como disse em entrevista ao blogue “História do Partido de Representação Popular”, o companheiro Antônio Gondim Sampaio, o Integralismo, maior e mais belo movimento cívico-político da História Pátria, empolgou sua geração, que, vestindo a Camisa ou a Blusa-Verde e erguendo bem alto a bandeira nacional e a bandeira do Sigma, pugnou pela edificação de uma grande Nação. Esperava ele que a juventude contemporânea conhecesse a verdadeira História do Movimento Integralista, para que, restaurando o esplendor de seu glorioso passado, pudesse realizar o sonho de seus companheiros de ontem e receber o reconhecimento das gerações vindouras.[4]
Encerramos esta homenagem ao nobre companheiro Antônio Gondim Sampaio rogando a Deus que muitos jovens ouçam o seu apelo, tornando-se guerreiros de Cristo Rei e da Nação Brasileira e fazendo sua parte na restauração do maior movimento cívico da nossa História e na construção de uma Terra de Santa Cruz Maior e rogando ao Criador, do mesmo modo, que suscite, na presente geração e nas gerações futuras, homens da têmpera desse ilustre filho do Cariri.

Por Cristo e pela Nação!


Victor Emanuel Vilela Barbuy,
Presidente Nacional da Frente Integralista Brasileira,
São Paulo, 05 de agosto de 2016-LXXXIII.


NOTAS:
[1] Entrevista ao Diário do Nordeste. Disponível em: http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=414001. Acesso em 05/08/2016.
[2] Entrevista ao blogue “História do Partido de Representação Popular” (Série Entrevista I). Disponível em: http://historia-do-prp.blogspot.com.br/2011/02/serie-entrevistas-sr-antonio-gondim.html. Acesso em 05/08/2016.
[3] Idem.
[4] Idem. 

Carta à TV Cultura

Tivemos a oportunidade de assistir, no último dia 9 de agosto,  na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, no Largo de São Francisco,na Capital Paulista, à exibição do documentário Carta aos Brasileiros – Goffredo da Silva Telles Junior, dirigido por Helio Goldsztejn e realizado pela TV Cultura, que o exibirá no próximo dia 18 de agosto, às 23:30. No mesmo dia, o primeiro da VII Semana Goffredo Telles Junior, foi inaugurado, na mesma Faculdade de Direito, o Auditório Goffredo Telles Junior, bela e justa homenagem a este que é não apenas um dos mais brilhantes vultos do nosso pensamento jurídico, como também do nosso pensamento político, e foi, ainda, lançada, pela editora Migalhas, a obra Doze Trabalhos – Caminhos do Brasil, contendo doze textos do Prof. Goffredo Telles Junior.

O aludido documentário está bom, merecendo nossos sinceros elogios, mas estaria ainda melhor se houvesse tratado da relevante atuação do Professor Goffredo Telles Junior como Deputado Federal Constituinte, em 1946, e como Deputado Federal, entre os anos de 1946 e 1950, pelo Partido de Representação Popular (PRP), e, principalmente, se dele não constassem equivocadas afirmações do Sr. Dr. Modesto Carvalhosa a respeito do Integralismo e do Professor Goffredo Telles Junior, bem como duas afirmações igualmente errôneas do Professor Tercio Sampaio Ferraz Jr. a respeito de ambos.

Havendo feito referência ao Partido de Representação Popular, julgamos ser oportuno assinalar que esta agremiação política, sob a presidência de Plínio Salgado, sempre pugnou pelos ideais essencialmente cristãos e brasileiros do Integralismo, levando a todo o País, nas palavras de Plínio Salgado, “o sentido profundo da brasilidade, da independência, da soberania e do pundonor do Brasil”.[1]

No que diz respeito à atuação do ilustre autor de A criação do Direito e de A Democracia e o Brasil(Goffredo Telles Junior) enquanto Constituinte e Deputado Federal pelo Partido de Representação Popular, reputamos ser mister sublinhar sua marcante atuação em defesa da soberania brasileira sobre a nossa Amazônia, na vitoriosa luta contra a criação do Instituto Internacional Hileia Amazônica, em 1949, e em prol do municipalismo e da reforma do sistema de discriminação de rendas tributárias de nosso País.

Quanto ao Dr. Modesto Carvalhosa, sustentou este, no referido documentário, que Plínio Salgado apoiava o fascismo, antes da II Guerra Mundial, que o Integralismo é um movimento favorável ao Estado Totalitário, que as ideias políticas do Professor Goffredo Telles Junior mudaram radicalmente ao longo de sua vida e que este, integralista na juventude, acabou se tornando posteriormente anti-integralista. Em verdade, porém, como demonstraremos a seguir, Plínio Salgado sempre teceu diversas críticas ao fascismo, o Integralismo jamais pugnou pelo Estado totalitário, as ideias políticas do Professor Goffredo Telles Junior jamais mudaram substancialmente, como ele próprio ressaltou inúmeras vezes, e, por fim, o autor da Carta aos brasileiros jamais se tornou um anti-integralista, tendo apenas buscado outros caminhos para a divulgação de suas ideias quando o Integralismo perdeu muito da força que antes tivera, como fez ver, no próprio documentário, o insuspeito Professor Dalmo Dallari.

Como bem ponderou o jusfilósofo e historiador das ideias políticas espanhol Francisco Elías de Tejada, “uma enfiada de interesseiras calúnias, propalada pela imprensa hostil, procurou apresentar o Integralismo como forma brasileira do fascismo italiano; quando o certo é que Plínio Salgado, na sua atitude de católico granítico, sem tolerar a mais mínima concessão, respondeu sempre repelindo o totalitarismo nacionalista de Benito Mussolini”.[2] Com efeito, por exemplo, na obra A Quarta Humanidade, de 1934, Plínio Salgado afirmou que a concepção integral do Universo e do Homem repele o Estado totalitário, que só pode ser engendrado por quem tem uma visão unilateral do Universo e do Homem,[3] e criticou duramente o fetichismo do Estado característico do fascismo,][4] e, no texto Estado totalitário e Estado Integral, originalmente publicado no livro A Doutrina do Sigma, de 1935, deixou claras as profundas diferenças que separam as concepções de Estado integralista e fascista, condenando duramente o Estado totalitário característico desta.[5] Assim, como escreveu Francisco Elías de Tejada, se algo existe “claro como a luz do meio-dia, no pensamento pliniano, é que, em todos e cada um dos momementos de sua vida a concepção católica do homem sustentada pelo Integralismo” é absolutamente incompatível com o totalitarismo estatal fascista.[6]

A concepção de Estado integralista, exposta por Plínio Salgado, como observamos há pouco, em Estado totalitário e Estado Integral, foi muito bem sintetizada por Goffredo Telles Junior na obra Justiça e Júri no Estado Moderno, de 1938,[7] numa lapidar definição que o ilustre jusfilósofo patrício fez sua até o fim de seus dias neste Mundo e citou em seu livro de memórias, intitulado A folha dobrada e publicado em 1999.[8]

A página de A folha dobrada em que o Professor Goffredo Telles Junior transcreveu sua definição de Estado Integral é uma das muitas páginas de tal obra em que fez a clara defesa do Integralismo contra os seus detratores, sustentando, aliás, que o Integralismo ocupava uma justa “linha de centro, contrária ao totalitarismo do Estado e contrária ao liberalismo da burguesia”, opondo, “ao Estado totalitário e ao Estado burguês da liberal-democracia”, o Estado Integral[9] e pugnando pela implantação, no Brasil, “de uma Democracia autêntica”.[10]

Também em A folha dobrada, o Professor Goffredo Telles Junior, ao tratar do Manifesto da Legião Revolucionária de São Paulo, observou que este “famoso documento”, escrito “por Plínio Salgado, romancista de vanguarda, que vinha se destacando, como escritor e jornalista exponencial do nacionalismo brasileiro”, tratava “das mais cruciantes questões sociais de nossa terra e enunciava as reivindicações populares daquele tempo”.[11] Diga-se de passagem que em tal documento, que pode ser considerado um manifesto integralista, embora seja anterior ao surgimento oficial do Integralismo, Plínio Salgado ressaltou que “não devemos transplantar para o Brasil, nem o fascismo nem outros sistemas exóticos”.[12]

Além da apologia que fez do Integralismo nas páginas de suas memórias, em que listou diversas obras de Plínio Salgado entre os “notáveis livros” que relevante papel tiveram em sua formação e seu conhecimento sobre o Brasil[13] e ressaltou que os cinco anos de atividade política na Ação Integralista Brasileira (AIB) encheram sua “juventude de encanto e beleza” e foram “uma extraordinária experiência de fraternidade humana, idealismo e coragem”,[14] o Professor Goffredo Telles Junior empreendeu a defesa do Integralismo em diversas entrevistas.



Ademais, o Professor Goffredo Telles Junior, que, até o fim de seus dias na Terra, dirigiu-se sempre a todo integralista como “companheiro”, foi, igualmente até o final de sua existência terrena, membro e colaborador da Casa de Plínio Salgado, instituição de que temos a honra de ser 1º Vice-Presidente e Presidente em exercício e que sempre lutou pela divulgação da obra não apenas literária, religiosa e histórica, mas também filosófico-política de Plínio Salgado. Outrossim, só não foi ele o autor do prefácio da obra integralista “Existe um pensamento político brasileiro?” Existe, sim, Raymundo Faoro: o Integralismo!: uma nova geração analisa e interpreta o Manifesto de Outubro de 1932 de Plínio Salgado,organizada e editada por Gumercindo Rocha Dorea, em razão de seu frágil estado de saúde. A aludida obra, de que temos a honra de ser um dos autores, ficou pronta, em sua versão inicial, meses antes do falecimento do velho e sempre jovem mestre, só tendo, porém, sido dada à estampa em 2015, com um prefácio, aliás excelente, do Professor Acacio Vaz de Lima Filho. Este, inclusive, bem se recorda de que, numa conversa telefônica que teve com o Professor Goffredo Telles Junior pouco tempo antes de sua partida deste Mundo, referiu-se este ao Manifesto de Outubro, documento inaugural do Integralismo, escrito por Plínio Salgado, como “o nosso Manifesto”.

Além do mais, qualquer um que verdadeiramente conheça o Integralismo  e aquilo que o Professor Goffredo Telles Junior escreveu enquanto atuou politicamente no Movimento Integralista, inicialmente na AIB e depois no PRP, entre princípios da década de 1930 e fins da década de 1950, e leia trabalhos posteriores do autor do Tratado da consequência (Goffredo Telles Junior) como A Democracia e o Brasil, de 1965,[15]e a recém-publicada aula de encerramento do curso de pós-graduação sobre a representação política, proferida na Faculdade de Direito da USP em 27 de outubro de 1976,[16] verá que tais trabalhos estão plenamente de acordo com o pensamento integralista e com tudo aquilo que   o Professor Goffredo Telles Junior defendeu enquanto militante integralista.  Aliás, mesmo a maior parte da Carta aos brasileiros, de 1977, está plenamente de acordo com os princípios integralistas, ainda que nela possamos perceber, aqui e ali, o reflexo de algumas ideias políticas liberais, incluindo, lamentavelmente, o infausto mito rousseauniano da soberania do povo.

Quanto ao Professor Tercio Sampaio Ferraz Jr, afirmou este  que o Integralismo é contrário ao Estado de Direito e que a concepção de Estado do Professor Goffredo Telles Junior mudou bastante, tormando-se uma concepção muito diversa daquela integralista. Em verdade, porém, a concepção de Estado do Professor Goffredo Telles Junior não mudou, tanto que, como vimos, poucos anos antes de falecer, fazia ele ainda sua a definição de Estado que escrevera quando jovem, e, ademais, o Integralismo sempre defendeu o autêntico Estado de Direito, entendido, como diria Francisco Elías de Tejada, como o “Estado jurídico”, em que “a ordem da convivência esteja expressa por normas autenticamente jurídicas, nas quais, além de ficar estabelecida a ordem da convivência, se estatua um ordenamento que seja justo”,[17] ou, noutras palavras, um Estado não apenas de Direito, mas também de Justiça.

Portanto, Plínio Salgado, defensor do Direito Natural Tradicional, ou Clássico, e de um Estado Ético de Direito e de Justiça, a um só tempo antitotalitário e anti-individualista,  jamais deixou de condenar veementemente diversos aspectos do fascismo italiano, o Integralismo jamais foi um movimento totalitário e contrário ao Estado de Direito e Goffredo Telles Junior jamais ficou contra o Integralismo.

Antes de concluir estas linhas, faz-se mister assinalar que, da mesma forma que o Integralismo não se confude com o fascismo, não se confunde este último com o nacional-socialismo alemão, mais conhecido como “nazismo”, como tem sido assinalado por diversos estudiosos do fenômeno fascista, a exemplo de Anthony James Gregor e Zeev Sternhell. Destarte, não consideramos feliz a escolha do diretor do documentário em questão de ilustrar o trecho do depoimento do Dr. Modesto Carvalhosa em que este faz referência ao fascismo com imagens de campos de concentração nazistas.

Ainda antes de encerrar esta carta, julgamos ser oportuno ressaltar que não trataremos aqui da mudança de posição do Professor Goffredo Telles Junior a respeito do Movimento de 31 de Março de 1964 e dos chamados governos militares, que consideramos um assunto secundário e que daria outra carta.

Fechamos a presente carta sublinhando, uma vez mais, que o documentário de que ora tratamos, a despeito dos problemas que nele apontamos, está realmente bom, merecendo os nossos sinceros elogios e honrando a TV Cultura e o seu diretor.


Victor Emanuel Vilela Barbuy,
Presidente Nacional da Frente Integralista Brasileira e 1º Vice-Presidente e Presidente em exercício da Casa de Plínio Salgado,
São Paulo, 17 de agosto de 2016-LXXXIII.
Notas:
[1] Discurso do Teatro Municipal do Rio de Janeiro (27 de outubro de 1946), in Discursos, 3ª edição, in Obras Completas, volume 10, 2ª edição, São Paulo, Editora das Américas, 1957, p. 265.
[2] Plínio Salgado na tradição do Brasil, Tradução de Gerardo Dantas Barreto, in VV.AA., Plínio Salgado: “in memoriam”, vol. II, São Paulo, Voz do Oeste/Casa de Plínio Salgado, 1986, p. 65.
[3] A Quarta Humanidade, 6ª edição, in Obras Completas, volume 5, 2ª edição, São Paulo, Editora das Américas, 1957, p. 104.
[4] Idem, p. 109.
[5] Madrugada do Espírito, 4ª edição, in Obras Completas, volume 7, 2ª edição, São Paulo, Editora das Américas, 1957, pp. 443-449.
[6] Plínio Salgado na tradição do Brasil, in VV.AA., Plínio Salgado: “in memoriam”, vol. II, cit., p. 66.
[7] Justiça e Júri no Estado Moderno,São Paulo, Empresa Gráfica da Revista dos Tribunais, 1938, pp. 31-32.
[8] A folha dobrada: lembranças de um estudante,Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1999, p. 105. Eis a definição de Estado Integral do Professor Goffredo Telles Junior, que, em Justiça e Júri no Estado Moderno, o chama de “Estado Moderno”: “Chamamos Estado Moderno o Estado Ético, anti-individualista e antitotalitário. Sem ser princípio nem fim ele é o Estado que se subordina à hierarquia natural das coisas. Cingindo-se a sua missão de meio, ordena-se por um ideal de finalidade. Criado para servir ao homem, orienta-se para os alvos que estejam em conformidade com o destino supremo do mesmo. (...) O Estado Moderno é anti-individualista porque faz prevalecer o Social sobre o Nacional e o Nacional sobre o Individual. Reconhecendo a iniquidade da “lei do mais forte”, proclama o princípio da “liberdade justa”. Em consequência, cinge-se ao preceito universal de que a atividade dos indivíduos está subordinada aos interesses superiores da coletividade.O Estado Moderno é antitotalitário porque faz prevalecer o Moral sobre o Social e o Espiritual sobre o Moral. Reconhecendo a iniquidade da tirania, proclama o princípio da intangibilidade da pessoa humana. Em conseqüência, submete-se aos transcendentes interesses do homem (Justiça e Júri no Estado Moderno, cit., loc. cit.
[9] A folha dobrada: Lembranças de um estudante, cit., loc. cit.
[10] Idem, p. 107.
[11] Idem, p. 98.
[12] Manifesto da Legião Revolucionária de São Paulo,in Antônio Carlos PEREIRA, Folha dobrada: documento e história do povo paulista em 1932,São Paulo, O Estado de S. Paulo, 1982, p. 519.
[13] A folha dobrada: lembranças de um estudante, cit., p. 123.
[14] Idem, pp. 118-119.
[15] A Democracia e o Brasiluma doutrina para a Revolução de Março, São Paulo, Revista dos Tribunais, 1965.
[16] Aula de encerramento do curso de pós-graduação: A respresentação política e esclarecimentos posteriores, in Doze Trabalhos: Caminhos do Brasil, São Paulo, Migalhas, 2016, pp. 81-104.
[17] El Estado de Derecho em la tradición de las Españas, in PRIMEIRAS JORNADAS BRASILEIRAS DE DIREITO NATURAL, O Estado de Direito, São Paulo, Editora Revista dos Tribunais, 1980, p. 186. Tradução nossa.

A propósito da eleição de Donald Trump à presidência dos EUA

Foi com grande contentamento que recebemos a notícia da vitória de Donald Trump na eleição presidencial americana do último dia 8 de novembro. Isto porque, apesar de seus inegáveis defeitos e falhas morais – menores, cumpre ressaltar, do que os de sua adversária, Hillary Clinton -, Trump não é apenas o único candidato americano em décadas a representar o verdadeiro americano e a defender as verdadeiras raízes da América Real e Profunda, como também o único candidato a efetivamente se opor aos plutocratas de Wall Street e ao chamado globalismo e o único candidato capaz de pôr termo à Guerra Fria, tão ou mais forte hoje do que na década de 1970, por exemplo.
Como a Grã-Bretanha Real e Profunda, no plebiscito que culminou no denominado “Brexit”, e a Colômbia Real e Profunda, no plebiscito que rejeitou a anistia às FARCs e a transformação destas em partido político, com direito a cinco cadeiras fixas no Senado e outras cinco na Câmara dos Deputados, a América Real e Profunda fez ouvir a sua voz ao eleger o candidato Donald Trump, derrotando as poderosíssimas forças do globalismo e contrariando as pesquisas eleitorais feitas por institutos a soldo deste.
Segundo declarou Trump, em seu discurso de vitória, proferido no Hotel Hilton, em Nova Iorque, na madrugada do último dia 9 de novembro, não encabeçou ele uma campanha pela presidência dos Estados Unidos da América, mas sim liderou, assim como lidera e liderará, um movimento, que fará a América grande de novo. Esperamos que assim seja e que, iluminado por Deus, o quadragésimo quinto Presidente dos Estados Unidos da América sirva a sua nação da melhor forma possível e a torne grande novamente, permitindo que outras nações também sejam grandes e promovendo, no concerto das grandes nações do Orbe Terrestre, a justa paz e harmonia.
Que Deus, que dirige os caminhos dos povos, permita que a América volte a caminhar na direção daquilo que há de nobre em sua Identidade Nacional, ou, noutros termos, que a América Real, Profunda, Verdadeira e Autêntica derrote a falsa e inautêntica América globalista. Que Deus abençoe a América e a faça grande de novo, assim como também abençoe a nossa Terra de Santa Cruz, grande Império do Pretérito e do Porvir, e a faça grande novamente, dando-nos o grande Presente que nos falta.

Por Cristo e pela Nação!

Victor Emanuel Vilela Barbuy,
Presidente Nacional da Frente Integralista Brasileira,
São Paulo, 10 de novembro de 2016-LXXXIV.

NOTA DE PESAR

Nesta hora trágica, em que a Nação Brasileira se cobriu de luto pelos mortos do acidente aéreo que vitimou praticamente toda a equipe do vitorioso time da Chapecoense, bem como diversos profissionais da imprensa e a maior parte dos tripulantes do avião que os transportava, a Frente Integralista Brasileira rende justa homenagem a todas as vítimas desse terrível desastre e às suas famílias e conclama todos os seus filiados e simpatizantes a orar por elas. Esperamos que Deus generosamente suscite, nas próximas gerações, esportistas do valor daqueles que levaram a Chapecoense à final da Copa Sul-Americana e que ontem empreenderam, em sua maioria, a derradeira viagem neste Mundo e também a viagem para a vida eterna.

Victor Emanuel Vilela Barbuy,
Presidente Nacional da Frente Integralista Brasileira,
São Paulo, 30 de novembro de 2016- LXXXIV.